Exposição de Pintura - Parceria com a Fundação Casa-Museu Maurício Penha
"O horizonte estende-se à nossa volta num desenho de incontáveis montanhas que no limite da nossa visão se desmaterializam em tons de azul. Dois passos atrás e perdemo-nos no luminoso bosque. De olhos fechados deslizamos pela superfície brilhante do rio, somos orientados pela Lua, alimentados pelo Sol, nascidos da terra, da planta e da montanha. Ao sabor da corrente das experiências, a pintura e o desenho são extensões do nosso corpo.
Quando apaixonado pelo que o rodeia o corpo solta-se da casca isoladora construída na cidade e volta a sentir, mergulha na sensação. É novamente possível uma história de amor entre o homem e a árvore, entre a luz e a pedra.
O desejo de questionar a nossa relação com os objectos e a forma como os percepcionamos é intermediado pela pintura/desenho que por si transformam a realidade envolvente e devolvem ao mundo o reflexo de uma experiência.
A investigação da Susana materializa-se através da pintura apropriando-se de padrões, texturas e quem sabe da própria essência dos materiais encontrados. A viagem entre o micro e o macro é constante nas peças da Susana, sendo deste modo possível na mesma peça experienciar uma sensação vasta de cosmos ou ser sugado para uma realidade microscópica.
Por sua vez, as peças do Daniel surgem após a investigação de elementos arquitetónicos da região relacionados com a memória do património humano. O topo de uma chaminé é aproximada à Anta de vila Chã e as portas e janelas do outrora Seminário menor de Sanfins do Douro (hoje ruínas abandonadas) são resgatadas e transformadas em portais para o mundo do esquecimento, do vazio e do virtual.
A presente exposição é composta por trabalhos realizados num contexto de integração nos costumes, historia e características do Alto Douro através de uma residência artística atribuída pela Fundação Casa-Museu Maurício Penha aos artistas Daniel Alfacinha e Susana Amaral.
Sanfins do Douro, setembro 2015.
Susana Amaral e Daniel Alfacinha"